domingo, 31 de julho de 2011

maldita depressão!


30 anos de depressões, penso que já são anos suficientes para as conhecer...ou não?!?
passado é passado e o que lá vai, lá vai, vamos pois à depressão do momento, a que me atormenta a alma e me amolece o corpo.
principal problema, neste momento, como explicar aos outros e a mim própria, que isto não depende de mim?
HOJE acordei com vontade de abrir a janela, arrumar a confusão, lavar roupa e... tomar banho!
Sim, tomar banho, e ver algumas pessoas (poucas, mas algumas)!
Tanta energia deve-se ao novo tratamento e, espero, que não seja só choque inicial... porque eu, que dizia que, quem tem medo compra um cão, agora vivo rodeada de medos sendo que o principal, já percebi, é o medo desta depressão me deixar totalmente incapacitada, já que é assim que me tenho sentido.
Uma semana após a nova medicação, finalmente começo a reagir, obrigada senhores doutores, façam-me um favor:
Expliquem à minha mãe, que não depende da minha força de vontade e que, por mais que eu lute, não vou lá sozinha!
A manhã radiosa ficou nublada pelo telefonema da minha mãe:
- Então, como te sentes hoje?
- Merlhor, Mãe, obrigada!
-Tens que ter força de vontade!
-Bolas mãe, a esta altura do campeonato, já devria ter percebido que não depende de mim!
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Telefone desligado após um breve comentário: campeonato, mas que campeonato? e truz, telefone desligado nas trombas!
É claro que a minha mãe também já está um pouquinho taralhouca, e surda, e mete os pés pelas mãos e... sobretudo não entende que não depende de mim!
Haverá alguém, sim alguém, que, estando de boa saúde mental, queira estar na cama o dia todo?
Haverá alguém que goste de se sentir culpada por achar que não presta para nada e faz tudo mal e que não merece o dom da vida?
É isto a depressão, um carrocel em que viajamos e nos leva até ao fim do poço.
Quando alguém conhecido, mesmo que vagamente, se suícida, ninguém entende! " Parecia não ter problemas; tinha uma família tão dedicada; tinha um emprego tão bom..., etc, etc." Ninguém entende que a depressão não tem nada a ver com isso, embora possa ser agravada por motivos externos. Ela, começo a achar, nasce connosco e só nos larga quando morremos.
E ela é insuportável! a pior companheira de uma vida.
Já tive um cancro, curei-o. Já tive dois casamentos, desfi-los e refiz-me. Quem me dera que pudesse dizer adeus à depressão dessa forma. Vai-te embora, não te quero!
Eu mandei o cancro embora, eu disse-lhe que não o queria, e ele foi, e eu fui mais forte.
Eu sou forte, eu sempre fui forte, excepto quando a depressão vem, e parece que ninguém entende... muito menos eu!